domingo, 7 de abril de 2013

Será mesmo preciso?

Será mesmo preciso precisar tanto de outro alguém
De outro fora
Para a felicidade não ir embora
Será?

O mundo não se evapora se a solidão se aloja cá
Do lado de fora
Do lado que nego agora
Dos lagos que choro,
Do negro lado branco que meus olhos teimam 
rejeitar nessa hora...

Será mesmo que preciso 
Ser feliz pela felicidade alheia?
Haja paciência para tanta indagação
Haja clemência 
Para transformar as falhas em aprendizado
Haja...

O impreciso ato de precisar me dói...
Mas sem ninguém sou alguém?
O elo que me conduz a liberdade
Me torna útil, capaz de seguir
Ferido me transformo
Calado me ignoro, será?

Preciso precisar
meu vício não cala, 
ouço o reverberar das inquietações aqui
dentro...
Sou feliz mas não me reconheço,
começo e termino,
me pergunto:
-Eu mereço?

-Mereço amar e ser amado!
Ser feliz é precisar sem precisão
É romaria  sem religião
É procissão sem crucificação
É ser sem interrogação
Sou!

andi valente

Renascer

No meio de tantos nada
Reflexos de muitos tudo
Vi luas claras iluminando noites escuras
Revi vários silêncios
Imaginei um Eu sem pensamentos
Sem apegos ou arrependimentos

Grafei palavras ao vento
Gritei sussurros ao tempo
Iluminado pelos sóis das madrugadas
Refleti passados ruins em presentes tenros
Suspirei futuros intensos
Destruí muros aos murros
Desfaleci...

Fui fazendo escolhas sem comprometimentos
Fui tecendo fios aleatórios
Errei sem saber
Acertei sem querer
Acreditei no que não se vê
Criei máscaras para não me ver
Aprendi...

Algoz das próprias opções
Fui mutilando felicidades com dissabores atrozes
A voz fraquejada pela incapacidade de crer
Vi luas novas
Criei expectativas destemperadas
Exagerei nos adjetivos
Naufraguei na leniência da preguiça
Fui forte
Fiz fracos
Esquecido, renasço e recomeço do princípio
Sem coroa ou cetro
Faço métrica das mentiras incutidas
Nas verdades indevidas
Vivo e continuo...

Eis-me no palco da vida
Aplausos entalados pelos percalços dos diários
Sorrisos disfarçados de invejas brandas
Causos mal contados
Luas escondidas atrás de nuvens pálidas
Cresce meu descontentamento
Não sei lidar com meus demônios
Falácias que inundam meu imaginário
Peço
Silêncio...

Ruas negras cegam caminhos claros
Vontades represadas no seio da mãe terra
Lágrimas, sombras e o sol da manhã
Nesses escombros onde teimo em me esconder
Não há milagres
Só querer
Valsas descompassadas em meio a relva molhada
Restos que não se fazem compreender
Tudo que o todo não sabe entender
Eu e as luas cheias
Fases...

Portas continuam sempre entreabertas
Janelas escondem o frescor dos ventos
Meus olhos poderiam enxergar ao invés de ver
Eu poderia ser
Poderia tanto
Que fico só na imaginação sem ação
E o tempo corre infinitos segundos
Esperando o despertar dos anônimos
Sem pressa
Sempre tecendo as razões para tantas desrazões...

Vastidão desnecessária
O sol poderia sair todos os dias no portão de casa
E mesmo assim não estaria satisfeito
A lua poderia se pendurar na minha janela todas as noites
E encontraria qualquer motivo para reclamar
Incompleto de mim
Procuro incompletos para me complementar
E sigo nessa falsa procura
Alimentando fugas
Fugindo do espelho da verdade
Para justificar minhas feridas
Melhor as faltas para poder reclamar...

Agora vou reescrever verbos tristes
Combinar alegrias virgens
Saborear vinganças frias
Deitar e dormir
Pra ver o sol nascer
E quem sabe esquecer o que me faz não crer
E renascer...



Andi valente