domingo, 3 de junho de 2012

tudo aquilo que penso

Todo poeta tende a ser amoral
hipócrita em seus artigos
indecente com seus medos
mente descaradamente
para ouvir os urros de uma
plateia demente.

Todo poeta se irrita facilmente
vomita versos carentes
sofre de amor doente
crê em crenças de gente
Sente um vazio silente.

Todo poeta chora,
não se contém
extrapola...
Todo poeta fode
com as mágoas
de qualquer senhora...

Poeta, poeta meu
Esquece o Romeu
E trás pra mim a Julieta
que me prometera!

Todo poeta tende a tecer
versos complexos
incompletos...
Todo poeta reza
pra Nossa Senhora da Rima
Certa!

Calai-vos ordinários!
O silêncio da mente me surpreende!
Todo poeta recita,
ressuscita toda sua vida
nas palavras nuas
de suas poesias...

andi valente

Ladainha do novo

Tudo em mim é demais
quando sangro, é drama
quando cinjo, é cama
quando sofro,
ardo em chamas

Sou um latifúndio
um vazio marcado por arrepios
Peco
não recomendo meu ego

Ilusão
que castra meu agora
foge
e vai embora

Oh Lua
Que de seu trono magistral
Veste de paz e harmonia
Esse filho que agoniza

Tudo em mim desfaz
quando tanjo, danço
quando franjo, latejo
quando sofro,
recomeço e desço

Sou perdulário andante
Físico, químico de instantes
Realizo fórmulas mentais
Canalizo
e canto

Ilusório
Fábula que uma história só
Fabrico ideias
Regojizo
Santo!

Oh Luz
Que me conduz
Produz em mim
Verdades

Tudo que é demais, desfaz
quando calmo, arranho
quanto aos salmos, me engano
quando sofro
sorrio
e recomeço no novo...

andi valente

Sangue nas mãos

O vermelho iludiu meu ânus
As vestes azuis coroaram minha cobra coral
Vesti-me de preto
Fui ao velório de minhas naus
Andante sobre o céu da primavera
Me perdi no roxo das falácias tacanhas

Essa cobra que me segue
Essa veste que cega as réstias de um semblante sóbrio
Essa forma uniforme que guerreia minha auréola
Esse sorriso marrom me empobrece
Some de mim força
que consome meu arco-íris tupiniquim

Entre tantas palavras ruins
O som do silêncio me aquece
Defronte ao norte
Corro,
Forte ao lado da sorte

Sangue que corre vermelho
Ciente de mim
Fortaleza de águas claras
Destreza que teima em sonhar
Paralelas que não se cruzam
Cruzamentos enfileirados de sentimentos
Passarela verde
Natureza crua
Fim

andi valente