sábado, 28 de setembro de 2013

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Sem pegadas!

O amuleto das virgens de outrora
era a vestimenta
pura maledicência
verborragia crônica de língua ferina
inveja disfarçada de soberba
vela acesa na fresta de uma contenda

Morro detrás das nuvens pretas
ventos traiçoeiros de fascinação
parto de primavera sem flores
ruas de lamentação
agruras de mãe sem purificação

Ave
que as Marias foram procriar
Rezas que cantaram pra chorar
filhos que se foram
Pais que não rezaram
fins que não justificaram o pagar

Credo
das entranhas
filtros de desespero
choros sem lágrimas
vidas sem rima
rumo sem filas
velas
que os zumbis apagaram

Ninguém quer parir
ninguém quer ouvir o rio
ninguém quer ser o dono de nada
ninguém é dono de casa mal assombrada
ninguém gesta
os demônios são filhos
de mentes loucas

Estão todos soltos nas senzalas da perdição
Livremente presos aos seus egos e argumentos
as loucuras de sentimentos
aos apegos de contentamentos
nada muda sem esforço
sem grito
sem rima

Os espelhos estão transpassados de veneno
A vingança é prato pequeno
Querem mesmo é ver sangue e julgamento

Os caminhos não tem pegadas
Há matas abandonadas
O frio congela o coração

As moças seguem cegas
Surdas de emoção
Vivem mortas
Iludidas pelo sabor da paixão

E os homens
enfeitiçados pela cobiça
fazem gozo da preguiça
renegam origem
se contentam com a carniça

andi valente

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Verbo amar...

Os minutos vão-se toda hora
A rotina queima as retinas com coisas sem necessidade
As velhas lembranças lembram-me de não te esquecer
Sigo em busca de novidades frias
Na busca de esquecer o velho sabor em ter-te
Sofrer é um prazer que teimo perder-me

Onde foram parar nossas noites enluaradas?

E as tais?
Segundas chances,
outra oportunidade,
vamos tentar de novo...

Quero um novo recomeço,
mas vejo-me só,
talvez,
seja o melhor!

Queria querer tudo de novo,
mas o novo
talvez seja somente o desejo
que tudo seja diferente
como com outro eu...

Onde estão nossas manhas ao amanhecer?

E os planos?
Os para sempre,
eternamente seu,
e os tais,
eu te amo no final de cada beijo?...

De tanto querer-te
esquecido fiquei
os agora se foram,
embora viva cada presença sua
como se o fim fosse sim...

Sei ou talvez pense que saiba,
que palavras
só preenchem as folhas de sentimentos,
mas deixe-me
queimar até acabar...

Nunca mais verei nossas tardes ouvindo seus sorrisos...

Saiba que aprendi
que relacionamento não é pronto
são pontos preenchidos de interrogações
prantos enraivecidos de solidão
que tudo é uma bela construção!

Sei que talvez você não se lembre,
mas não te esqueço.
Não que não haverá um novo recomeço
que o passado não deva ficar onde tem que estar,
mas o aprendizado...
Agradeço!...

Os minutos já se vão na vastidão do tempo
Seguro, talvez com segundos de indecisão
Rumo em busca do desconhecido
Busco,
Alguém que conjugue
o verbo amar
com Amor!

andi valente

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Olhos

Os olhos
que sejam simples,
somente olhem!

Queria dizer-te tantas outras coisas
que não foram ditas
as que ficaram subentendidas,
explicar as entrelinhas
ser eu,
fazer o que jamais deveria ter-se deixado não fazer
queria...
Ter o tempo de volta ao redor dos olhos
olhar novamente as paisagens que não pudemos apreciar
as frases que deixamos de sussurrar
olhar seus olhos,
desvendar nossos silêncios
explicitar nossas ternuras veladas,
queria...
Terminar de te conhecer
começar a entender-te
reinventar-se todas as noites
compartilhar os vários sóis
multiplicar seus sorrisos
suas carícias, suas rugas de alegria,
queria...
Saborear suas nádegas frias
sua efervescência rígida
aquecer o gélido de seus pés
ser os nós dos cadarços
mordiscar suas orelhas
apalpar sua bochechas rosadas,
queria...
O presente
com lições do passado
com  rotas corrigidas
sem lembranças doloridas
sem mágoas repetidas
sem noites mal dormidas
sem choros ou despedidas,
quero...
Um novo recomeço
vários abraços e beijos
que os olhos vejam
verdades
similaridades
sentimentos verdadeiros
que deixem os medos
os receios e devaneios nas lembranças
que sejamos
carne ante carne
espírito em espírito
que nossos dias sejam claros
e as noites luz!

andi valente

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sua falta me faz falta!

Aqui estamos nós distantes outra vez,
Suas marcas espalhadas em cada canto da alvorada
Sua voz encantada ressoa nos jardins dos ventos
Os momentos fotografados se perderam nas retinas do tempo
Nossa canção ecoa descompassada,
Engasgado com o silêncio,
Choro agora como outrora.

Sua falta me faz falta,
Sua luz não ilumina meu horizonte,
Onde errei?

Erramos ou nos enganamos como sempre?
Sua entranhas estão grafadas nos girassóis dos meus lençóis
Seu suor ainda transpira minhas lembranças
Onde está o nosso para sempre, onde?

Fiz fortuna com seus sorrisos
Queria entender nossos enganos
Onde estão todos os planos,
As planilhas de amor eterno
Porque os nós agora ficaram no passado
Porque os presentes estão entulhados, mutilados e sem sentido
Amontoados de mágoas e ressentimentos, por quê?

As flores já não fazem sentido sem seu perfume
As noites enluaradas perderam o brilho
Sua estrela já não esta aqui
Onde foi que nos perdemos
Ou será que ainda seremos?

O quase prevaleceu
Nosso sentimento morreu
Plantamos desconfianças
Queria que tudo fosse
Queria que nossas diferenças fossem indiferente
Queria não te querer
Sofro em pensar que sofre
Sofro...

As ruas já não seguem mais nossos passos
As setas já não me indicam seu destino
As lágrimas doem
Queria ouvir novamente
Eu te amo!

Nossas somas estão zeradas
Não multiplicamos mais nada
Onde foi que ficamos
Quantas expectativas frustramos
Nossas mãos não se cruzam
Nossos beijos perderam validade
Onde foi que não fomos?

Hoje não vejo nosso amanhã
Choro,
Em ver que não te vejo
Em não ser o teu desejo
Em não ter o seu sim
Entre os medos e os receios
Sou seu sem ser eu
Será que seremos novamente?

Sua falta faz falta
Sem sua luz sou cru
Cruz de lamentação!

Vou partir pra um novo nós
Mas saiba
Sua falta me falta!

Andi valente


sábado, 4 de maio de 2013

Há...



pedaços de pão pra cortar
frestas vazias pra se observar
um recanto de sombra pra acalmar
um "cadinho" de lua pra apreciar
um restinho de tarde pra sonhar
há...
Luz pra irradiar...


sede pra se matar
vingança que não se puderam provar
versos que não puderam rimar
beijos que ficam no olhar
vozes que teimam não calar


gritos que gritam sem cessar
caminhos para trilhar
ventos que uivam sem parar
ruas entre o caminho e o mar
lembranças que não  fazem descansar
há raios que irradiam o caminhar...


lágrimas que inundaram o amar
esperanças que cansaram de esperar
promessas que prometeram não voltar
verdades que mudaram de lugar
virtudes que pararam de desabrochar
há restos que restam zerar...


poesias que não querem se lembrar
segredos que deveriam se contar
mentiras que continuam a perturbar
amores que poderiam ficar
outros que não se quer lembrar
e tantos outros que é bom não falar.


noites que poderiam nunca acabar
dias que poderiam se eternizar
frases que deveriam riscar
juramentos que não poderiam ser jurados
medos que deveriam se afastar
beijos que jamais deveriam terminar
Luz pra se irradiar!


tantas rimas pra se rimar
tantas teimas pra não mais teimar
tantos orgulhos pra não se orgulhar
tantos risos pra se sorrir
tantos refúgios pra se refugiar
tantos que querem se perder
e outros tantos indiferentes que não fazem diferença...


loucos pra todos os gostos
loucuras pra todos os loucos...


pouco pra tantos
e
muito pra tão poucos...


metades que poderiam se inteirar
desejos que poderiam não se desejar
meios que não deveriam findar
fins que não deveriam acabar
e começos que não deveriam começar...


olhares que não se olham
sentimentos que não cansam de voltar
tristezas que deveriam terminar
e alegrias que não poderiam nunca acabar!


...


andy valente...









domingo, 7 de abril de 2013

Será mesmo preciso?

Será mesmo preciso precisar tanto de outro alguém
De outro fora
Para a felicidade não ir embora
Será?

O mundo não se evapora se a solidão se aloja cá
Do lado de fora
Do lado que nego agora
Dos lagos que choro,
Do negro lado branco que meus olhos teimam 
rejeitar nessa hora...

Será mesmo que preciso 
Ser feliz pela felicidade alheia?
Haja paciência para tanta indagação
Haja clemência 
Para transformar as falhas em aprendizado
Haja...

O impreciso ato de precisar me dói...
Mas sem ninguém sou alguém?
O elo que me conduz a liberdade
Me torna útil, capaz de seguir
Ferido me transformo
Calado me ignoro, será?

Preciso precisar
meu vício não cala, 
ouço o reverberar das inquietações aqui
dentro...
Sou feliz mas não me reconheço,
começo e termino,
me pergunto:
-Eu mereço?

-Mereço amar e ser amado!
Ser feliz é precisar sem precisão
É romaria  sem religião
É procissão sem crucificação
É ser sem interrogação
Sou!

andi valente

Renascer

No meio de tantos nada
Reflexos de muitos tudo
Vi luas claras iluminando noites escuras
Revi vários silêncios
Imaginei um Eu sem pensamentos
Sem apegos ou arrependimentos

Grafei palavras ao vento
Gritei sussurros ao tempo
Iluminado pelos sóis das madrugadas
Refleti passados ruins em presentes tenros
Suspirei futuros intensos
Destruí muros aos murros
Desfaleci...

Fui fazendo escolhas sem comprometimentos
Fui tecendo fios aleatórios
Errei sem saber
Acertei sem querer
Acreditei no que não se vê
Criei máscaras para não me ver
Aprendi...

Algoz das próprias opções
Fui mutilando felicidades com dissabores atrozes
A voz fraquejada pela incapacidade de crer
Vi luas novas
Criei expectativas destemperadas
Exagerei nos adjetivos
Naufraguei na leniência da preguiça
Fui forte
Fiz fracos
Esquecido, renasço e recomeço do princípio
Sem coroa ou cetro
Faço métrica das mentiras incutidas
Nas verdades indevidas
Vivo e continuo...

Eis-me no palco da vida
Aplausos entalados pelos percalços dos diários
Sorrisos disfarçados de invejas brandas
Causos mal contados
Luas escondidas atrás de nuvens pálidas
Cresce meu descontentamento
Não sei lidar com meus demônios
Falácias que inundam meu imaginário
Peço
Silêncio...

Ruas negras cegam caminhos claros
Vontades represadas no seio da mãe terra
Lágrimas, sombras e o sol da manhã
Nesses escombros onde teimo em me esconder
Não há milagres
Só querer
Valsas descompassadas em meio a relva molhada
Restos que não se fazem compreender
Tudo que o todo não sabe entender
Eu e as luas cheias
Fases...

Portas continuam sempre entreabertas
Janelas escondem o frescor dos ventos
Meus olhos poderiam enxergar ao invés de ver
Eu poderia ser
Poderia tanto
Que fico só na imaginação sem ação
E o tempo corre infinitos segundos
Esperando o despertar dos anônimos
Sem pressa
Sempre tecendo as razões para tantas desrazões...

Vastidão desnecessária
O sol poderia sair todos os dias no portão de casa
E mesmo assim não estaria satisfeito
A lua poderia se pendurar na minha janela todas as noites
E encontraria qualquer motivo para reclamar
Incompleto de mim
Procuro incompletos para me complementar
E sigo nessa falsa procura
Alimentando fugas
Fugindo do espelho da verdade
Para justificar minhas feridas
Melhor as faltas para poder reclamar...

Agora vou reescrever verbos tristes
Combinar alegrias virgens
Saborear vinganças frias
Deitar e dormir
Pra ver o sol nascer
E quem sabe esquecer o que me faz não crer
E renascer...



Andi valente