Chega...

Chega de saudade
chega de lembranças que não são boas
chega de me contentar com metades esfaceladas
chega de ser um restinho
ou um lugarzinho de qualquer cantinho.

Chego
acendo a luz e não me reconheço

chega de sutileza
chega de falsa modéstia
papel de pão amassado
sonhos amanhecidos
chega de chegar atrasado
chega de contentar uns poucos
chega de cantar pra ouvidos surdos
chega de bater em cabeça de doido
chega de chegar arrasado
chega de não achar saída
chega
de trocados
de pingados
de bolso furado
chega...

Chego olho a mesa
e não te vejo

chega de criar incertezas
chega de imaginar suas belezas
de criar criaturas para endeusar
chega de ouvir vozes na minha cabeça
chega
de tantos nãos
de tantos talvez,
chega de uns tantos de indagações
chega de lágrimas
de sair correndo
de viver fugindo
de não sei lá o quê, nem sei lá pra quem...

Chego
e me basto
esse sou eu de fato
farto de objeções
falso só por opção
firme nas determinações
esse
você não sabe quem é,
esse
sou eu
o verdadeiro que se escondeu
atrás dos vários eus que você
idealizou para mim,
esse
sou eu
um himem retasado
um inteiro composto de vários pedaços
um sujeito, no meio de suas orações,
aquilo
é passado
...

Chega
o que basta agora
é o que me completa
se não me convém,
amém,
tchau e passar bem...


andi valente...