quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Multiplicado em dois

Amor é
o todo meu
com o todo seu
são nossos sorrisos
nossos umbigos suados
nossos silêncios falados,
é o amor de um
multiplicado em dois

O amor é a certeza
que não se tem certeza de nada

Amor é
o tudo seu
com o tudo em mim
são nossas diferenças gritadas
nossas indiferenças gritantes
nossas vozes ofegantes,
o amor é o reflexo de um
refletido em dois

O amor é´a beleza
de se ver beleza em todos

O amor é
ser,
eu em constante evolução
e você em evolução constante,
o amor não desfalca
não é falta
sabe dizer sim,
mas também sabe dizer não

O amor é luz
é lucidez em qualquer escuridão repentina

O amor é de todos
alguns confundem,
uns tem medo
outros apego
uns se sentem donos
outros abandonados
uns dominam
outros se sentem apaixonados
uns se rejeitam
outros se sentem rejeitados
uns se viram
outros ficam sentados
uns encantam
outros se sentem desencantados
uns esfriam
outros desafiam
uns se enganam
outros se sentem desenganados
o amor é tudo de bom
mesmo que os bons já estejam cansados

O amor não é milagre
não tem magia
não tem culpados
nem desculpas vazias

O amor é o que eu quiser
só não preenche os vazios
que a cabeça inventa

andi valente






sábado, 1 de setembro de 2012

tanto amor

O amor
é concreto
é cimento
areia e cal

Eu sigo
as torturas roucas
que suas marcas deixaram
no mar de minhas nostalgias

O amor
é lado bom
é fato 
é alegria descabida
é alergia de tristezas frias,
sabedoria 

Eu estou maluca
velha
amando as madrugas
os risos das passaradas
e as galhofas das molecadas

Sou feliz
rio das risadas dos outros
dos pedaços de bolos despedaçados
dos descompassos da aurora
dos desencantos de outrora

O amor é acalanto
é um céu cheio de encantos
é arrepio doce
é dia emendado na noite
é luar de qualquer lugar
é canto
no silêncio da simplicidade

andi valente



terça-feira, 28 de agosto de 2012

entranhas


Dei
meus melhores
urros
nos emaranhados
de suas
entranhas

Ah se os lençóis 
amarelados esgarçados pelo vento
contassem,
se meus laços de cambraia
sob a brisa quase fresca
contassem,
se as réstias de umas rezas
sob o som de uma floresta
contassem,
e as sementes de pitangueira
espalhadas pelo tempo
contassem,
e se a fresta da janela
não deixasse sombras negras...

Meu silêncio
nos escombros da rotina
pele fina, mão macia
nas auroras do seu corpo
fui tecendo meu encosto 


De um sonho todo escuro
vi nascer 
novas batalhas
guerras santas
coisas raras
nas ancas de um ancião
fui saber 
das alvoradas

Com navalhas quase cegas
fui carpindo meus sentidos
fui fazendo mil retratos
fui despindo meus rugidos
fiquei nu 
quase sumi
meus segredos congelei
em geleiras de águas pálidas

No recôndito de seus ouvidos
fiz as graças mais iradas
disfarcei novos zumbidos
delirei nas madrugadas...


Dei
meus melhores
urros
nos emaranhados
de suas
entranhas

andi valente


flores de agosto

Seus olhos
rabiscados nos vendavais de outrora...
Entre laços
laçado fui
entrelaçado dentre tantos
fui fisgado
sentido de perder-se
Nas auroras de qualquer dia
fui nas beiradas de todas as construções
sem perceber que meu coração
sonhava...

E os repentes tocavam os sinais de liberdade
Meus outonos chegavam ao fim
As flores brotaram depois de luas nem sempre
tão cheias
Flores de agosto
Minhas primaveras chegaram antes
do calendário
minhas folhas sempre na contramão
desfilavam em chão de estrelas

Sonho com você
E me pergunto
Em qual esquina esqueci de te ver
qual pedaço de mim foi morar
nas moradas do teu sol
o seu sorriso me acorda todas as noites
a música do teu silêncio
embala meu ser
o tempo se esqueceu de te perder

Fiz promessa de não prometer
Encontrar você num descuido do acaso
Espero a lua crescente se refazer
e peço que me leve até você
Fazer meu sonho acontecer

São as flores de agosto
Espero o sim
Até poder sentir
Você multiplicar em mim
o amor que sinto
sem perceber o fim

São as flores de agosto
perfume que me faz sonhar
O outono que já se fez
O ano que começa na primeira
lua
da minha primavera cheia
Faz o sonho acontecer

andi valente








Tive

Tive
que despojar-me
de verdades
inteiras
de metades
complexas
das absolutamente
absurdas

Tive
que repaginar
enfrentar
as caretas feridas
tristezas incontidas
refazer escolhas
reencontrar-me
em ilhas vazias
nas loucuras
das minhas próprias fantasias

Tive
que não ter
deixar-te ir
ficar no meio de tudo
sem nada saber

Tive
todos os fins
pra te ter
os meios
pra não lembrar-me
de você
refiz os caminhos
deixei rastros solitários
para não perder-me
de mim

Tive
que ser
o que não quis parecer
encontrar algo
pra não te esquecer

Tive
que viver outras histórias
para perceber
que o que sinto
é amor
por mim e por você

andi valente

domingo, 19 de agosto de 2012

engano meu

Suspiros
vazios
que
se
repelem
sempre
Contratempos
estampados,
rimas
encravadas, angústias
fins de frases
desconexas
amores
cálidos
ruas
mórbidas
camas
frias
um
choro
dolorido
por
medo
da solidão...

Menti
Senti
Foi
foram
flores
do
meu
jardim
que
se
foram

Vento
Tempestade
Trovão
tentei
ser
O perfeito na imensidão,
em vão,
fui
O louco vacinado pelos vencedores da opinião!

Vendi
Venderam
Vendido
compraram minhas ruas,
minhas palavras cruas
fiquei ao chão
sem
remorso
sem
compaixão

Ninguém
entende
Se
permite
Não

compreensão

cobrança
de
perfeição...

andi valente

Réstia de reza sem fim

É engraçado cachinar-se vorazmente
Sem o medo de mostrar-se desdentado
Desprender-se do ridículo das palavras
Destoar do arcabouço das verdades

Filosofar perante o altar de espelhos nus
É
Ignorar as agruras de sentimentos meus
Foragir-me ante o medo de julgamentos toscos
Sendo tosco mesmo
Julgamentos meus

O belo necessita do feio
o perfeito das imperfeições do alheio
O correto das incorreções do erro
Eu?
Preciso do meu eu presente!

Eu não queria querer tanto tanta coisa
que não sei se preciso ter
Escrever sobre sentimentos que nunca saberei
se precisei tê-los

Zampava minhas necessidades
meus questionamentos
Meu ego dilatado cheirava problemas
Único
Veloz
Infinito
A infâmia de não acreditar em si
é que tudo retorna nem sempre da melhor forma
vem de qualquer jeito

Sou folga
flor
Réstia de reza sem fim
Amador
Jogador que rima jogo ruim

Julgador de mim
O juízo final chegou
A colheita nem sempre é refeita
Pois a plantação se findou
A
folha da trepadeira
não nasceu
A
pitangueira chorou suas flores
Eu?
Fui construir
meus inícios
e terminar
meus fins...

andi valente




quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Constatações!

As folhas vivas
respiram o hoje
com o velho passado
sempre presente

Fugiram
as lições
perderam-se certezas
erraram todas as profecias
os medos despiram-se cedo
lágrimas engoliram o seco

Falta-me  o nada
o simples complicou-se
a razão transpira decepção
o norte virou súplica
o ter perdeu-se diante
de possibilidades

As noites cegas
choram às claras,
tempestades de falas
de um ser em compreensão
que
vive o silêncio da solidão

O guerreiro veste-se de paz
Santa espada da solução
Falta-me o desejo de ficar
Desejo de sucumbir do nada
Viva são as batalhas do coração!

Sofro em teimar não ir...
-Terra nas vísceras!
Sobrancelhas soterradas de vícios:
- Não quero mais o mesmo menos!

As plantações amadureceram
Colheita cheia de ventos
Sabedoria que não se conquista
com a adição de rugas frias

Ninguém amadurece as tristezas
que brotam na alma

Ninguém chora por ninguém
eu choro das minhas próprias fraquezas

- Quem mandou afogar-se em sorrisos tristes!

Tudo volta a quem volta a ser seu
...

andi valente





quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Velho vício!

Velho vício
de querer ter
o que já tenho
de somar
o que é de menos
multiplicar problemas efêmeros
dividir sentimentos plenos

A roupa encardida
dependurada no varal
de minha história
vicia minha nau presente
me tira o prumo
viro indigente

Velho vício
que embriaga meu agora
me cega,
me incomoda,
bebo água
peço esmola
meus rompantes sempre estão
fora de moda

As paineiras de outrora
sumiram do dicionário
meus pecados
de tão velhos e borrados
foram suspensos pelo destinatário
mas a plantação,
essa,
colho sem perdão

Velho vício
de esperar a esperança perdida
Achei que pudesse parar de queimar
Pensei, oras,
pensei que fosse alguém sem importância
mas sou muito importante
minhas mãos não vivem sem mim...

Velho vício de ser infeliz
de chorar para não sorrir
mas tudo termina qualquer
dia desses
antes que o sol esmoreça
e a lua se esqueça
até a teimosia de não querer ser feliz...

andi valente






sábado, 28 de julho de 2012

Era uma vez...

Era uma vez
um homem
que viu o sol de perto
a lua nas escadas da semana
a terra por dentro
o rio ao amanhecer
encheu as várzeas de esperança
criou um mundo que era seu
e esqueceu de viver...

Era uma vez
um homem
com outro nome ao certo
que escreveu os medos a céu aberto
plantou segredos em corações cegos
se fechou no mundo de animais velhos
plantou, semeou
e colhe
a seca da ilusão eterna...

Era uma vez
como outra, incerta
que o mesmo homem
volta em rompantes etéreos
dirigindo as retas
por círculos inquietos
disposto a semear amor
a um passado desperto...

Era
com eram outras tantas
que o fim começa do fim
que tudo retorna
ao princípio
A Senhora Tempo
paciente,
conta a corrida das horas
tecendo minutos na certeza
que a felicidade não demora,
é agora,
é agora...

andi valente


domingo, 3 de junho de 2012

tudo aquilo que penso

Todo poeta tende a ser amoral
hipócrita em seus artigos
indecente com seus medos
mente descaradamente
para ouvir os urros de uma
plateia demente.

Todo poeta se irrita facilmente
vomita versos carentes
sofre de amor doente
crê em crenças de gente
Sente um vazio silente.

Todo poeta chora,
não se contém
extrapola...
Todo poeta fode
com as mágoas
de qualquer senhora...

Poeta, poeta meu
Esquece o Romeu
E trás pra mim a Julieta
que me prometera!

Todo poeta tende a tecer
versos complexos
incompletos...
Todo poeta reza
pra Nossa Senhora da Rima
Certa!

Calai-vos ordinários!
O silêncio da mente me surpreende!
Todo poeta recita,
ressuscita toda sua vida
nas palavras nuas
de suas poesias...

andi valente

Ladainha do novo

Tudo em mim é demais
quando sangro, é drama
quando cinjo, é cama
quando sofro,
ardo em chamas

Sou um latifúndio
um vazio marcado por arrepios
Peco
não recomendo meu ego

Ilusão
que castra meu agora
foge
e vai embora

Oh Lua
Que de seu trono magistral
Veste de paz e harmonia
Esse filho que agoniza

Tudo em mim desfaz
quando tanjo, danço
quando franjo, latejo
quando sofro,
recomeço e desço

Sou perdulário andante
Físico, químico de instantes
Realizo fórmulas mentais
Canalizo
e canto

Ilusório
Fábula que uma história só
Fabrico ideias
Regojizo
Santo!

Oh Luz
Que me conduz
Produz em mim
Verdades

Tudo que é demais, desfaz
quando calmo, arranho
quanto aos salmos, me engano
quando sofro
sorrio
e recomeço no novo...

andi valente

Sangue nas mãos

O vermelho iludiu meu ânus
As vestes azuis coroaram minha cobra coral
Vesti-me de preto
Fui ao velório de minhas naus
Andante sobre o céu da primavera
Me perdi no roxo das falácias tacanhas

Essa cobra que me segue
Essa veste que cega as réstias de um semblante sóbrio
Essa forma uniforme que guerreia minha auréola
Esse sorriso marrom me empobrece
Some de mim força
que consome meu arco-íris tupiniquim

Entre tantas palavras ruins
O som do silêncio me aquece
Defronte ao norte
Corro,
Forte ao lado da sorte

Sangue que corre vermelho
Ciente de mim
Fortaleza de águas claras
Destreza que teima em sonhar
Paralelas que não se cruzam
Cruzamentos enfileirados de sentimentos
Passarela verde
Natureza crua
Fim

andi valente

sábado, 26 de maio de 2012

Eterno veneno!

Vou fugir de novo
vou refugiar-me nas páginas de um jornal 
jogado no quintal,

Meus espelhos estão trincados
Meu vocabulário emburreceu meus egos
sou comum demais e isso não me satisfaz! 
Espelho, espelho meu, onde foram parar minhas interrogações!

Descompliquei meu complexo tecido adiposo
fui alimentar meu orgulho com  lágrimas de um programa legal,
minhas locuções adverbiais ficaram roucas

Esqueci-me que o sujeito sempre habitou em mim
Ninguém entende
e quem se importa,
um dia vou ser doutor de hipócritas...
Espelho, espelho meu, existe alguém tão louco quanto meus "eus"!

Mudei,
o peso da minha mamadeira,
Chorei,
pelo leite que não derramei,
Fiz,
rezas mesmo não crendo em milagres
e as promessas...
Quebrei...

Espelho, espelho meu,
não responda tais perguntas pois respostas
escondi  detrás de travessuras cruas... 

Teimei comigo
diante de estacas de pano
que bagaço nunca serei,
mesmo sendo espantalho rei...
E o orgulho minha senhora,
ora, ora...
Um dia tudo melhora...
Quem disse que pra ser louco tem que ser bondoso também!

Faço tudo pra não felicitar minha infelicidade,
dei voz de prisão ao desespero,
sigo a rouquidão da multidão... 
Meu mundo teima em acabar
Mas sigo dizendo...
Não, não vou me amar!
Louca prisão que me corrói.

Não basta ser, tem que acontecer
tem que gastar todo mal prazer
escrever,
escrever,
escrever,
até o dia amanhecer...
Espelho, espelhos meus, até quando vou matar o tempo
morrendo e vivendo 
nesse eterno veneno!

andi valente

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

todo nosso!

As vezes e tão somente em vezes
me surpreendo comigo
e meus rompantes
diante da tenacidade de seus sentidos

Subo meus olhos e vejo
Os mesmos olhos teus
O sorriso se derretendo entre seus lábios
E as lágrimas teimando em invadir seu rosto

Quero deixar as amarras
do lado de lá de nossas intrigas
Enfrentar nossas diferenças
com armas brandas da compreensão

Não queria ver em tudo aquilo
que não gosto, minhas digitais
Seus espelhos estão me machucando
Vejo em minhas críticas
tudo aquilo que não quero ser, enfim...

Antes dos erros
Vem meu desespero
Os medos agrupados
Em destemperos emocionais

A distância que nos separa, nos aproxima
Os possíveis opostos, se igualam
As verdades que outrora permeavam nossa mente
Mentiram descaradamente...

Quanto mais me nego em assumir os encantos
De nossos desencontros
Menos me reconheço
E nesse falso engano que me iludo
Não engana meus mudos minutos sem ti

Te amo
Como se o amor fosse feito
Da sonoridade dos seus beijos
E da imensidão de meus medos

Amor esse
que não se compreende
Ninguém entende
é um Amor assim,
todo nosso....

andi valente