Vou fazer uns versos modernos
falar de amores impossiveis
escrever livros para os escritores
de auto-ajuda esquecerem que eu existo,
descrever sonhos indestrutíveis
ganhar dinheiro mole no duro que vez em quando sobe,
sem tirar sarro do bolso pobre.
sem tirar sarro do bolso pobre.
Vou falar mal de quem não conheço,
pois os que conheço grana não tem,
de graça nem sobrenome faz sorrir,
grátis só se for debaixo da catraca do metro
quadrado do objeto desejado,
pelos marmanjos marombeiros
farofeiros das praias e de apelos sem peito.
Vou pastar nas campinas dos pastores
que gritam nas esquinas
todos os horrores dos sem pudores,
todos os horrores dos sem pudores,
vou escrever meu nome no céu
montar uma igreja e fazer meu sino
tocar a certeza
dos espertos
que furam filas por quaisquer besteira.
Vou ser pop, versão popular
para a descrição de Pobre
Odeia Pobre,
e não admite o quanto pobre é.
Você já percebeu como nós mortais adoramos uns imorais
imortais que fizeram tantas quantas asneiras como nós?
Vou prestar vestibular
prestação pra comprar um tanquinho em promoção,
e fazer sucesso com minha barriguinha
que economiza água tratada pois não
uso camisinha
pra mostrar o quanto custa ser bonito
às custas de uns tantinhos de gana.
[e olha que ser moderno era ter máquina de lavar roupa suja
de bocas impuras.
Preciso tirar meu nome do prego
pregar salvação alheia
ganhar uma loteria inteira
de mangueira
manga que dá na feira
e se presta para limpar lágrima
de pessoa honesta.
Faço o diabo com metade do que mereço
imagina com um terço inteiro
iria ser pedreiro
terceirizar meus defeitos
seria tudo tão perfeito
será que teria graça se o mundo não tivesse
nenhuma desgraça em que acreditar.
Quero cem gramas de grana
pro meus burros passarem
pasto verde de esperança
pros meus seguidores
confiarem seu dinheiro debaixo do meu colchão.
Quem ter um kilo de peito pelado
promoção do mercado ao lado,
quem quer poeminhas
com receitas de bolos de cenoura com chocolate,
quem me quer sem grana e com chulé
se meu cacho de banana nanica
não da pé pra quem quer.
Quem?
Cansei de fazer nenem,
pego emprestado umas fitas usadas
e gozo com os urros dos coitados
que ficam pelados
e fazem dos livros de cara
um passaporte pros meus sonhos
eróticos
eu me amo a medida que conheço o escambo
dos outros seres humanos.
Não sou perfeito mas estudo com afinco a
perfeição da moderna identidade
ficar parecido com alguém
é a receita pra ganhar fama
grana e com sorte sair livre
da cana dos azarados insubordinados.
andi valente
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