domingo, 19 de setembro de 2010

Mentiroso

A máscara
mascara o mascarado mentiroso
A farsa
degenera a deficiência do vazio
O abutre
pensa que  engana assombração
Eu?
Almoço e alimento desejos alheios.
O Ivo
testemunha o impossível impassível
e evoca pra si
a responsabilidade da despedida.
As lágrimas
fanáticas pelas fraquezas frequentes
fisgam
Os incrédulos
apaixonados pela razão.
Eu?
Troco o canal pra ver telejornal
Você?
Não faz parte da minha rotina,
Aos cachorros,
falo a verdade,digo o que penso
sou sincero
já o Junior, vira-lata ensinado
finge que me ouve enquanto 
come meus chinelos
A Natascha, cachorra de raça (não me lembro qual)
late pro gato que passa apressado
e nem olha pra mim
O Macaco um cachorro engraçado com cara de malandro
sobe no banco e mete o fucinho onde não foi chamado
a ração tira toda minha atenção. 
Eu?
lavo o banheiro, escovo os cabelos e escrevo.
Mulheres,
não assumo compromissos
não escuto os indícios
não participo dos inguiços
não surto com o discurso
aproveito
o bico do peito
o colo do útero
o gosto do beijo
o meio, só o meio
meigo, meto
deito,
meto
refeito,
remeto os defeitos
deito
chupo o peito
o meio do meio
o nariz vermelho
a bunda estapeio
meto
de lado
com jeito de professor,
faço um agrado todo apaixonado
uso os verbetes do meu dicionário
já meio surrado
ela deita de lado
e ronca engraçado.
E eu?
pra gabar meus feitos
aos amigos do peito
engano.
E a mentira?
ela fica na janela
a espera
das  promessas metidas
almas feridas,
profecias não cumpridas
profecias compridas
palavras de cabeça quente
melodias.
O tesão diz:
_ Quero esvaziar a bexiga e encher a barriga.
E eu?
Esqueci a camisola dentro do carro e agora?
Jogo fora,
O perfume vencido
jogo fora
As frases de amor
o vento leva embora
e o preservativo colorido
com sabor de morango silvestre?
_ Eu esqueci de colocar!
Preciso aprender a rezar
Vou orar,
filho agora não tenho como sustentar,
meu, não fui eu
meu, já era
não foi eu que meti
só menti
vou subir de joelhos,
o culpado
veio a pé
esta perto da estação,
uma complexa trama de categorias
por meio das quais
e graças às quais
a percepção foi a mentira
que meti.
Uma pequena aranha está  construindo
teia nessa roseira amarela
provei
a aranha
errada
preciso de algum relógio que me desperte às 7 horas,
vários rádios-relógios
o pesadelo já uriçou os meus cabelos,
a árvore respira pelas folhas
transpiro preocupação
um funil
vou fazer um abaixo-assinado
contra os mentirosos
filhos de mães ímpuras
putas filhos da mãe
quem inventou a mentira que
morra.
Eu mesmo não vou em enterro de charlatão
não vou ao enterro de embusteiro
Ela?
Não sabe meu endereço,
troquei de telefone
por um moderno
e o número
pra combinar com o formato do meu retrato
troquei também
sou esperto
faço tudo certo
até eu acredito em mim
só esqueci um detalhe,
Sou casado e ela deita ao lado
do meu namorado,
Sou viado!


Andi Valente.

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