sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poesia Concreta

Meio caminhão de areia
1/4 de pedra
meia conversa fiada
duas dúzias de cerveja
doze homens no armário
uns trocados pro sovado
8 enxadas
e muitas mãos calejadas
14 machucados
três pás de concreto armado
uma betoneira
duas empilhadeiras
uma tonelada
de mulher pelada
9  camisas molhadas
Uma língua cansada
Quatro milheiros de tijolos
seis  blocos assentados
sem telhas no telhado
duzentos gramas de caibros
três vigias fazem au...
num bailado infernal,
74 vigas na parede
uma cãibra no cafuso
e o povo  enche o saco,
400 ferros amarrados
um tanto de concreto derramado
uns mijam ali ao lado
outros 8 cheiram o suvaco
e nada de churrasco,
100 sacos de cal
latas amarradas no varal
e um sobe e desce de concreto,
criança chora no quintal
e é mãe que passa mal
filha que vai pro hospital
50 quilos de carne
20 de gordura
70 de cintura,
copos nas mãos e um sorriso falso
no beiço, peito com decote perfeito
e o olhos todos no  rosto
um trazeiro fogoso
cem mangueiras na seca,
falta água, e o suor que pinga
um golinho pro santo
dez pra acalmar os ânimos,
300 metros de conduite
massa corrida
2 picaretas na varanda,
é o fraco que descansa
e o Chico que assovia
tem arroz e macarrão
vinagrete e feijão
cimento espalhado pelo chão
5 sacos de laranja pra chupa...
duas horas de refeição
muita reza e oração
é o sol que alumia
meia hora em meio dia.

andi valente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário