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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Aonde vais, com tanta pressa?

Aonde vais, com tanta pressa?
Pressão da panela é feijão no fogão,
Correm pela cidade os boatos mais contraditórios!
Todos fugiram!
Eu cuido do caldo de galinha e do feijão carioquinha...
Aonde vais, com tanta pressa?
Atrás da felicidade que assa na brasa,
à espera em degustá-la,
Não fui eu quem a chamou, portanto, sem prantos.
Os pratos num dos cantos,
patos recheados, calendários complicados...
Eu, quero marchar,
rumo ao continente, rumo ao sol poente.
Aonde vais? Sem pressa suponho?
Ver se deixei as intimidades em banho-maria,
Há ingratos, mas os ingratos,
prendem-se, uma lágrima
escorreu, mas o papel já estava à mão, sem sofrimento
o caminho marcado pelo resto do vinho, umidecido num
lindo colarinho azul marinho me entristeceu,
peru? Peru? Eu sorri e pedi pra ouvir, Rita Lee.
Aonde vais, com tanta pressa?
Presa no horizonte,observo ao longe o amanhecer do Visconde,
Trabalha meu filho, pra agraderes a Deus!
Qual? Quem? Quando?
Um golinho pro Santo Agostinho,
promessa pra São Longuinho,
pedacinho de papelote,
e o sangue escorrendo no cangote,
vende o lote ou faço um pacote
com os seus picados embrulhados
pra presente,
e eu?
Aperto o passo e corro, atrás do morro,
maratona do Socorro...
E a pressa foi-se embora?
Nada num rio perto de casa,
come e dorme alheia a sangria.
Pressa que vem e vai embora,
não marca hora, deixa a porta entreaberta
só vive de agonia e mesa vazia,
cabeça padece  cantando marchinhas
de carnavais em áreas de mananciais,
hinos de igrejas pentecostais.
Eu reparti os pães, canetas  tinteiro e um sublime cinzeiro.
Aonde vais, agora?
Embora, oras, se a gente não envelhecesse,
qual a graça dos macetes?
Ah! - Se eu soubesse!...
Que seria rico dos meus próprios vícios,
andaimes fictícios, provável que
jogasse bola fora,
e fosse à escola namorar a moça da cantina.
Eu progrido, sem que meus pedidos sejam atendidos, peço isso
vem aquilo, peço esse, vem um florete de ramalhates com um risco
e uma dedicatória :
-Já faz tempo que não se fazem homens como tu, Tuiuiú!
Pressa? Onde vais agora?
Repousa num buraco escavado
pelo dito que um dia ocupará o mesmo
buraco, flores vivas em noites frias,
morte com um corte no cortez umbilical...
Sem brilho ficom imóvel, como um utensílio,
observado como numa panela de feijão
a pressão enche os poros e as narinas,
a fumaça sai,e a vida se vai, logo vou servir
de depósito de urina, para ser gentil com os animais,
pele, osso, vegetais e uns bicho-grilo,
que não canta nem os males espanta,
vai entrando na entranhas, sem
pedir licença, e eu pó e indecência vou levando o mato no costado,
verme pra todo lado.
Não lembro da pressa, agora, como pode Nossa Senhora?
Se quase morri de infarte, diabete, trombose,
mas foi por pura falta de sorte
que virei cinza num isqueiro vermelho.
Eu, agora cato lata na compreensão,
esperando à porta de São Pedro, fazer
mensão ao ilustre cidadão.
Eu louco de curiosidade pra saber se do outro lado
é tudo ficção ou verdade,
purgo os expurgos com  laxante, enquanto espero
o hidrante jorrar água o bastante pra secar os pecados
e entrar num paraíso distante.
E a pressa? Não sei, não tenho mais conversa com ela,
foi atormentar outro atormentado, pra morrer como eu,
adoentado, louco e endividado
com um balaço no pescoço.
Haja dinheiro de seguro de vida,
maldita vida, pressa tão querida levou de pressa
o meu querido dia,
deixou só a noite sombria e os vestígios de uma madrugada fria.
Eu? fui...
A pressa? Virou promessa...

andi valente

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