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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

NINGUÉM?

Nos estacionamentos do mundo
fui criando vagas lembranças
sobre um tempo que outrora
era moda ser chamado de criança.

Nas calçadas da vida
passei a passos largos
pelos entulhos abandonados
da minha própria insegurança.

Nos entrocamentos rodoviários dos dias
fui parado nas barreiras cotidianas de pessoas levianas,
e nos acostamentos que por vezes serviam de caminhos
e que por vezes me deixavam sem destino.

Nas voltas que os ponteiros das horas nos dá,
cansei de sonhar com meio mundo
e não ter fundos para agradar todos os segundos,
cansei de sonhar com as revoltas vividas em outras vidas,
cansei de sonhar com dias inteiros
ou com meios ponteiros
bons dias ou madrugadas soltas
só por
alguns dias,
cansei de olhar o relógio e não ver as senhoras,
segundo em segundo partidas de pessoas desconhecidas,
cansei de ir solitário me trancar no armário
 e segundos depois
findo,
indo
ino
in
do
embora...
Horas...
quem me olha?
Alguém nessa hora ora por alguém...
Olha, quem?
Quem ora por agora se as velhas se foram,
e os puleiros estão sem os travesseiros?
Quem tem um minuto, que seja inteiramente meu
egoísta e só meu?
Quem de fato se importa
com o contar das horas
se o dinheiro é que faz o mundo girar,
a vida correr
o tempo parar e você pedir
quero descer, ainda tá em tempo...
Quem?
Eu quem?
Não ouço ninguém...
Ninguém?
Ninguém...
ANDI VALENTE

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