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domingo, 31 de outubro de 2010

Ponto final!

                                                                                                            1
Eu estou consumido pelo degelo das calotas polares
afetado pelo alinhamento da crosta terrestres
indignado com os polegares que separam os polos da minha rota
rarefeito com os indicadores que me apontam os extintores de incêndio.

                   2
Eu subestimei os estertores dos tremores
que os amores causam na minha órbita
as falhas cismicas do meu sistema digestivo
me deixam por horas um vazio endêmico.

                                                        3
Há gravidade excessiva nas palavras que circundam meu respirar
os moinhos não mais movimentam meus ventos contra as intempéries do tempo
os "tsunamis" não invadem minhas areias pois faltam ponteiros no meu relógio
e as ondas gigantes agora estão distantes do meu deserto de ambulantes.

4
Eu ignorei o desmatamento sistêmico da minha árvore genealógica
não me importei com a poluição do meu sistema imunológico
a fauna e a flora que habitavam meu mundo agora
sofrem de mutação genética em decorrência do mal uso do verbo amar.

                                                                                  5
Há agrotóxicos em desespero com as cores dos meus filtros capilares
os raios ultra-vermelhos não tangem meus cabelos contra o seguro-desemprego
o efeito borboleta não esta contido nos segredos que só os meus dedos podem contar
os raios violetas não matam os tecidos adormecidos debaixo da minha pele morta.

   6
As tempestades tropicais removem os desencantos dos meus telhados de vidro
a camada de ozônio agoniza enquanto tomo um banho demorado no chuveiro
os tufões que eu provoco com a depilação em massa do meus pêlos pubianos
não tiram meu bônus de gás carbônico nem diminuem minha cota de doenças contagiosas.


                                                               7
Eu sofro com as inundações que provoco
pelos turbilhões de sentimentos não correspondidos
pelo lixo escondido que transborda meus rios
e leva lama, cama, choro e fama de mal
aos corações que não atraco minha nau.

andi valente

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