Postagens populares

domingo, 31 de outubro de 2010

CAQUI E AMORA

Eu vivo do caqui e da amora
adoro cacho de banana amarelinho
prefiro suas maças rosadas nesse rosto vermelhinho
e uvas verdes colhidas aqui e agora.

Eu descasco abacaxi azedo com prazer
me encaixo nas suas aguadas bermudas melancias
me acalma um pote de pêssegos em caldas
me acabo no travesseiro depois de comer um mamão papaia inteiro.

Sou um tanto goiaba de sentimentos
todo jabuticaba para ser sua última cereja do bolo
sou pouca fruta para sua mesa farta

Sou abacate com açúcar, contra indicado para sua dieta
sou vitamina c, suco de laranja e dou um bom caldo na cama
sou meio fruta, não sei onde se escondem as frutas-do-conde

andi valente.

Ponto final!

                                                                                                            1
Eu estou consumido pelo degelo das calotas polares
afetado pelo alinhamento da crosta terrestres
indignado com os polegares que separam os polos da minha rota
rarefeito com os indicadores que me apontam os extintores de incêndio.

                   2
Eu subestimei os estertores dos tremores
que os amores causam na minha órbita
as falhas cismicas do meu sistema digestivo
me deixam por horas um vazio endêmico.

                                                        3
Há gravidade excessiva nas palavras que circundam meu respirar
os moinhos não mais movimentam meus ventos contra as intempéries do tempo
os "tsunamis" não invadem minhas areias pois faltam ponteiros no meu relógio
e as ondas gigantes agora estão distantes do meu deserto de ambulantes.

4
Eu ignorei o desmatamento sistêmico da minha árvore genealógica
não me importei com a poluição do meu sistema imunológico
a fauna e a flora que habitavam meu mundo agora
sofrem de mutação genética em decorrência do mal uso do verbo amar.

                                                                                  5
Há agrotóxicos em desespero com as cores dos meus filtros capilares
os raios ultra-vermelhos não tangem meus cabelos contra o seguro-desemprego
o efeito borboleta não esta contido nos segredos que só os meus dedos podem contar
os raios violetas não matam os tecidos adormecidos debaixo da minha pele morta.

   6
As tempestades tropicais removem os desencantos dos meus telhados de vidro
a camada de ozônio agoniza enquanto tomo um banho demorado no chuveiro
os tufões que eu provoco com a depilação em massa do meus pêlos pubianos
não tiram meu bônus de gás carbônico nem diminuem minha cota de doenças contagiosas.


                                                               7
Eu sofro com as inundações que provoco
pelos turbilhões de sentimentos não correspondidos
pelo lixo escondido que transborda meus rios
e leva lama, cama, choro e fama de mal
aos corações que não atraco minha nau.

andi valente

frase4

O
seu jardim suas flores agora
estão meio ressecadas ou feias,
 mais estao adubadas e vacinas
 e estão prontas pra florecerem novamente
 quando a primavera tocar seu coração de novo.

sábado, 30 de outubro de 2010

EMOÇÕES!

Namoro o mundo
beijo os mares
abraço os oceanos
faço amor com as madrugadas
durmo ao lado das noites
passeio com os dias
converso até tarde
com as tardes, toda tarde,
choro com a chuva
rio dos rios de lágrimas que
fazem lagoa na minha porta
amo amar os olhares das
tempestades num copo d'água
minhas emoções estão à flor da pele
exalando o perfume do amor contido
na essência do meu coração.

Os riachos vermelhos que atravessam
minhas veias me sustentam
as cascatas que vertem os desejos dos
meus olhos são reflexos
do espelho da minha alma.

O vendaval que assola meus cabelos
não convertem meus pensamentos em desespero
as ventanias nao assustam meus cílios nem mexem
com minha sombras, as sombrancelhas estão sempre
em pé de guerra com meu ego ferido.

Amo amar as bicas d'água
os jardins que brotam na minha face
tornam doce meu olhar
tornam mansa minha fala
a natureza da qual fui feito
ama amar todo ser imperfeito
vivo os caminhos tortos
procurando o rumo certo
não me importo com os incertos
que a vida me passa
nem com as rasteiras que as poeiras
fazem meus umbigos rastejarem
eu quero somente
amar as bocas quentes
e os beijos efervescentes
e sorrir o sorriso
dos amores infinitos...
Sempre...

andi valente.
andi valente

NUNCA É TARDE DE MAIO

Nunca é tarde de maio,
o dia se espreguiça e não tem pressa em acordar
desgastado pelo bronzeado do verão passado
quer que o sol desapareça entre nuvens pretas,
não faz questão de consumar.

Nunca é tarde de maio,
a noite se apressa em chegar
depressa flerta com minhas cuecas cobertas
 despertando na lua irada  mínguas de nuvens esparsas
ciúmes que os vaga-lumes enlouquecem em desaparecer.

Nunca é tarde de maio,
o outono desbota o arco-íris
depila as árvores sem cera quente
esparrama as folhas pelo chão em sol poente
recolhe os galhos decadentes em lua crescente.

Nunca é tarde de maio,
as noivas de lua cheia
semeam felicidade no desflorecer invejoso
do olhar malicioso das amigas postiças,
laçam seus amados com cadarços amarrados no pescoço,
laçam seus amados com anéis dourados nos anelares esquerdos
 dos moços direitos.

Nunca é tarde de maio,
as mães fazem aniversário num único dia do calendário
e as praças choram seus filhos perdidos em territórios amargos,
o trabalho é comemorado em pleno feriado
 e as feridas de bolsos vazios
não se curam com as gorjetas deixadas nas portas das igrejas cheias.

Nunca é tarde de maio,
a lua nova atrás de velhas promessas
 as estirpes das matilhas estilhaçadas pelas madrinhas
atrapalhadas em aprimorar a elegância estéril dos seus vestidos
abusam da preocupação impertinente da aparência permanente.

Nunca é tarde demais
em maio
ou em qualquer dia do dicionário

Numa tarde de maio
tudo é demais
espúrio o escuro brilha

Nunca tarda à tarde de maio
inflando os demais 
além dos escondidos desnecessários

Nenhuma tarde é demais
para o sol desaparecer
e a lua vermelha entristecer

Nada é poético o suficiente
para descrever o sorriso
das cheias dos risos de maio

Nunca
nenhuma
tarde
foi
embora
depressa
quanto
a
que
nos
espreita

Nada
em
concreto
foi
demasiado
nas
nossas
tardes
fritas

Maio
morreu
tarde
defronte
aos
defeitos
insuspeitos
do
suspirar
suspenso

Tarde
demais
para
maio
ir
embora
não
caibo
em
mim
de
infelicidades

Nunca
é
tarde
de
maio
no
meu
anuário!

andi valente

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

solidão!

No balde de água fria
que tomo todo dia
quado acordo e não vejo você do meu lado,
o que me consola é a toalha molhada
onde limpo nossas lembranças
que me faz resitir mais um dia sem sua presença...


A solidão que resvala paixão incontida e amor proibido
revela um ser desprovido de direção
inclinado ao lado das feras da maldição
e das bocas da perdição
sofro calado o sonho amanhecido
no toque do tecido
eu fico na indecisãol
para o seu não eu digo sim
e para o meu sim eu falo não.

andi valente.

bunda.

B
 r
  o
    n
      h 
         aquecida
                         Pa
                             mo
                                  nha fria
                                              In
                                                 sô
                                                    nia
                                                        incutida
                                                                   no
                                                                       c
                                                                        r
                                                                        a
                                                                         v
                                                                         o
                                                                           debaixo
                                                                                     do
                                                                                      nariz
                                                                                            galo
                                                                                                 que calou
                                                                                                              f
                                                                                                              un
                                                                                                                do.
Alma de assassino degenera mas não se altera
Alma de vagabundo amolece mas
não se entrega
Alma peneirada no mundo se afunda
alma
funda destrói nossa bunda...
sem bunda não somos ninguém
sem alma nem somos
mas sem bunda
somos sempre chacota de alguém
quero alma boa
e bunda grande
quero mesa farta
e bunda abundante
quero comida na mesa
e bunda na penteadeira
                                      alma gigante
                                        e uma trepada gratificante, com uma boa
bunda...elegante...

andi valente.                                             

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

eu uso óculos e aparelho!

Eu uso óculos e aparelho
tenho medo do escuro transgressor
dos meus segredos verdadeiros



Eu uso óculos e aparelho
                                                                                                                             eu uso óculos e aparelho
tenho medo dos olhares obtusos
                                                                e dos recentes devaneios


eu uso
óculos
e
aparelho,
no siso
nos terceiro molares
meu juízo está conjugado
no pretérito imperfeito...

Ei, uso óculos e aparelho
meus defeitos refletidos
estão entre as síndromes dos espelhos
derretidos nas rótulas dos meus joelhos

eu uso óculos e aparelho,
flexibilidade convertida
em respeito e dor do mesmo jeito
                                                      eu uso óculos e aparelho
tenho medo do escuro
tenho medo do escuro transgressor
dos meus segredos verdadeiros
eu uso óculos e aparelho
tenho glaucoma, retinóide
e miopia no cabelo
catarata de água doce
cárie e tártaro
na descarga do banheiro
eu uso óculos e aparelho...


andi valente.

Invejoso contumaz!

Sou invejoso contumaz
dos poetas que com poucas tintas
descrevem as mais lindas paisagens
repletas de sentimentos conexos.

Sou demasiadamente prolixo
para ver nos meus manuscritos
indícios de poucos sufixos
e falta de adjetivos.

Sou extremamente linear,
ruim de verso, pior na prosa
sem nexo, só sei rimar.

Sou invejoso do talento alheio,
incapaz de compreender que o pouco
é muito pra quem sabe escrever.

andi valente.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Faz questão!

O canto mais sombrio dos meus cantos
pálido de desencantos
não ampara mais os meu prantos
nem suporta outros desenganos tamanhos.

A fachada mais escura da minha face
esmaecida pela obscura amargura
da minha insensatez
tece minha armadura de combate,
tímida rasura que disfarça
minhas travas e dificuldades.

O lado mais estreito do meu ser
todavia, desconcentra o fatigado
coração ,
que denuncia a aflição
pela morte da minha irmã, sorte,
da minha amiga esperança,
e do meu amor, solidão.

O vasto e retilíneo pensamento constante
paraíso de sabedoria nessa ilha de desilusão,
apodrece amadurecido de sonhos inacessíveis,
intercalado pelos meandros do acaso.

O sopro do destino nas curvaturas do meu intestino,
indicam que a idade das trevas esta a caminho,
que os sonos mais brandos e os encostos mais calmos
ficaram  sozinhos sem  uso do remédio contínuo.

E nas calçadas onde semeio o meu pão
encerro meu ciclo de prostração gratuita,
consumido pelos erros herdados dos meus eus debilitados,
faço a prece da morte rumo ao lago azul
no meu cerebelo vermelho,
impactado pelos horríveis tremores involuntários
que o espelho não faz questão de esconder.

andi valente.

MEIO TECO...

Entre os meandros à vida oculta que carrego
nem sempre é de bom tom o meio termo que entrego,
nem parece contentar todas as partes atingidas pela minha ignorância
sabidamente pura de desenganos outros.

As asneiras que escorregam dos meus incautos farrapos
 entre fileiras de conversas fiadas
ou de personagens fictícios criados pelas sonhos suados
não apaziguam meus centimetros de solidão.

"Minha lingua ferina
à sua disposição
meu corpo sedento ao seu bel-prazer
meu amago estufado de tanto amor
para dar e vender
um cheiro
e um amor perfeito no canto da mesa
do lado do banheiro
embaixo do chuveiro
em cima da mesa."
 
Acordo molhado dos sonhos mal resolvidos
das intrigas dos travesseiros depenados pelas fronhas de cegonhas
recrudescido, ávido pelos acontecidos e entorpecido
pelo diz-que-me-diz, não digo, volto a dormir.
Silêncio...
Quero somente os bons momentos
as frases
dos longa-metragens
que falam
de amor
e
arrependimento...
Silêncio...
Quero um teco
do seu teco-teco
quero um tico
do seu tico-tico
quero...
você no meio
das minhas entranhas
mo meio das galinhas brancas
das piranhas assadas como insanas
quero você
meu
quero-quero feliz!
 
andi valente.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pensando em ti!

Cingido de vermelho seu tênis não sai da minha mente
ajustado ao seu rosto seus óculos pretos me apertam o coração
e os seus olhos pedindo perdão, como conseguir te deixar, como?

Pensando em ti, não há mais nada!
Meu coração pede seus beijos,
minha razão quer o seu cheiro bem longe,
melancolia...

Triste, penso, sorrio no vermelho deixado nos meus lábios
pelo gosto do batom de seus beijos,
seu tênis vermelho, jovem como seu sorriso,
e eu melancólico.

Sigo
a aurora
pensando em ti,
no princípio era só recordação
era uma mocidade aqui dentro que me fazia sorrir.

Agora
na maturidade
sigo
pensando em ti,
o frescor dos seu jeito impregnado
no meu jeito, não tem por onde
o único jeito foi pedir
volta pra mim.

Sigo
pensando em ti
perdoa
um imperdoável não de ingratidão,
perdoa
um imperdoável não de sofreguidão,
perdoa
um imperdoável não de quem não sabe falar sim,
perdoa...
Sigo
adiante
pensando em ti...

Como seguir sem a companhia dos seus óculos,
sem a presença de seu vermelho tênis,
do branco do seu sorriso, como?

Sigo
pensando em ti...
Volta...
pensa...
Sigo
pensando em ti...

andi valente.

sozinho...

O amor foi-se embora a galope
pela estrada do trote
rápido e de pinote
sem me deixar rumo nem norte.

O amor enveredou-se nas matilhas
saiu de mão dada na procissão,
ergueu os olhos aos céus
saiu ligeiro sem deixar rastro.

O amor, esse traiçoeiro bandido alheio
que me faz sorrir de tristeza no sereno
e chorar de alegria no cativeiro
saiu pela janela, ao vento e não me deixou
notícia dos acontecimentos.

O amor, vago, astuto matuto
pediu licença saiu manso,
de galho em galho no meio do assoalho
e me deixou na saudade, na dura realidade
de ser abandonado e atado
entre o ter ou não ter,
um ser amado.

Como pode ser intenso assim,
como pode alterar tanto movimento assim
como pode me deixar assim,
sozinho...

andi valente.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ele&ela e o meio...

Ele é meio-dia
ela é meia hora
ele é noite fria
ela é toda hora.

Ele é meio pedaço de coisa ruim,
ela pedaço inteiro de um bom pudim,
ele é meias brancas e cuecas floridas,
ela meia soquete num lindo jardim, nua.

Ele é meia fase
ela é frase feita
ele é meia lua
ela é lua cheia.

Ele é meio do meio que não quer ter fim.
Ela é um meio termo entre o começo e o fim.

Ele é coisa feita
ela é coisa mandada
ele é meio água benta
ela é pecado rasgado ao meio.

Ele reza,
ela é pressa
ele é poeta,
ela poesia completa.

Ele qualquer meia hora basta,
ela um ano inteiro de boa prosa bem gasta,
ele é fogueira com pouca brasa
ela é brasa inteira no meio da cama ardente.

Ele é sorriso
ela é asfalto quente,
ele é inquietação
ela é terra batida no chão.

Ele é meio copo de água vazio,
ela é meia taça de corpo cheio,
ele espaço no vácuo de qualquer amor
ela é amor inteiro em todo espaço possível.

Ele é meio tudo
ela é tudo mesmo,
ele um buquê de flores
ela um botão de rosas.

Ele sem ela é o mesmo que nada
ela sem ele é nada do mesmo
ele sem ela é meio raso
ela sem ele é raso e meio.

Ele é meio tudo
ela é tudo mesmo
ele é amor inteiro sem ter fim
ela é começo, meio e fim de um amor inteiro...

andi valente.

domingo, 24 de outubro de 2010

creio...

A vida continua na mesma toada
os pássaros continuam a procurar seus ninhos
eu continuo vivo até o presente momento
respiro, transpiro e falo com frequência o idioma das flores.

O silêncio me incomoda profundamente
a falta de atenção dos cachorros na rua me irrita
meus ouvidos não se comunicam com o barulho das abelhas silvestres
minha mente não pensa, só responde a estímulos.

Sou um engenheiro das infelicidades programadas
não tenho medo do mar,  tenho medo de mentir.
A minha felicidade não está enterrada na raiz quadrada do meu umbigo.

Creio na concretude do abstrato, no aroma do vento.
creio no amor imperfeito lapidado pelo dedo do tempo
creio ser necessário sofrer para poder aprender o quanto é bom viver.

andi valente.

fragmentos de amor!

O amor verdadeiro é algo emocionalmente insano, desprovido da capacidade de raciocínios óbvios, de respostas rápidas. O amor é algo intangível, imperceptível, que toma conta dos dias invade a noite, transborda nossos rios, seca nossa boca, emudece nossas palavras e transforma nossa órbita em cataclismas constantes. Quando alguém define o que é amor, é porque obviamente NUNCA AMOU NINGUÉM em sua plenitude.

andi valente.

sábado, 23 de outubro de 2010

pedacinho de mim.

Entre os rios de janeiro, as cascatas de fevereiro e as águas de março ou as mentiras de abril, mais um ano se finda. Os trabalhadores de maio, os aventureiros de junho, o friozinho de julho ou as farras de agosto, o ano termina e nem dá tempo de perceber, setembro primaveril, outubro outonal, novembro diagonal e dezembro de natal e ano tchau!
Ciclo interminável dos dias e comemoramos de branco mais uma passagem de ano.

ausência tua!

Tua ausência me assusta
desatento busco argumentos
para suprir os lamentos
que sua falta me faz.

Absorto e negligente
suporto o incoerente martírio
dos delinquentes inconsequentes,
perder você  foi meu maior desafio.

Tua ausência me custa
um punhado de angústias,
um calhamaço de consolos
um prato de privações,
um pedaço de mim
sem você se foi
em silêncio,e meu silêncio
chora tua partida agora.

Desapareceu do horizonte
minha fonte de inquietação
minha base de sustenção
minha argumentação de sobrevivência
desaparecido fiquei
no fronte,
perdido.

Sua lembrança me cansa,
sua falta clama dentro do meu peito em chamas,
ás lágrimas descem rio abaixo
abandonadas pelo meu próprio descuido
mal uso de amor impróprio,
zeloso dos meus erros,
cego dos teus anseios.

Ausência tua
tua ausência me sustenta,
ausência que acalento
pra não acabar morto
estilhaçado  e abandonado
tua
face
me
rejeita
tua
ausência
seca
a fonte
do desejo.

Erro todo dia em esquecer
que esqueci como esquecer
o amor que sinto por você
tua ausência faz falta.

Ausência é sua presença
nas alças dos meus cruzamentos,
constante nos meus  meios termos
ausência tua
mora
aqui
no meu peito
chora do lado de fora
e pede perdão
do lado de dentro.

andi valente.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

mulher fala...

Os seus olhos foram feitos de constelações azuis
A falange que se estende em sua volta, tranquiliza meu ser
O sol brilha no seu coração
e eu te amo assim, linda...

Amor, amar você é uma conjugação difícil de conceber
mulher que fala muito escorrega nos verbos e exagera na receita
mulher trabalha, que sua sisma eu não consigo consertar
essa legião que me revolta, não resolve nossos empecilhos.

Subi as travessas  de restos dos nossos vadiar
preguiça que não cessa nem ao som dos pássaros da tarde
mulher você enxerga o mar que eu não vejo.

Fala aqueles verbos descritos nas frases dos paralepipedos do caminho
fala sobre as pichações que sujaram os nossos sonhos,
fala da coragem que eu não tive pra te amar, fala...

andi valente

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

madrugada...

É na madrugada,
entre os confins da noite
e o prelúdio da manhã
que confesso meus pecados.

São as madrugadas
que embalam meus pesadelos
 onde confio meus segredos,
retiro minhas máscaras
desnudo-me dos meus medos.

As madrugadas empalidecem
o orvalho que embassa minhas vestes,
desentulho os bueiros dos meus cativeiros postiços
abandono as criaturas que carrego o tempo todo.

E os meus segredos aos quais tanto tenho apego
nas madrugadas fixam olhares no silêncio do luar
 os meus desejos mais excusos
sentem o gosto amargo do desapego exagerado
dos meus eus complicados.

Madrugada
eternizada nos cantos do alvorecer
sonhos
que hão de crescer ao amanhecer.



telefone

O pedaço que me cabe se perdeu nas corredeiras dos desfiladeiros dos dias
o amor que floresceu entre as lajes de concreto e as campinas rupestres, se perdeu.

O telefone toca,
eu não vejo,
o telefone toca,
eu não posso,
o telefone toca,
eu não sinto
o telefone toca,
eu não quero atender.

A cachoeira de água doce e cristalina reserva  lembranças de um tempo de criança
as verdades escondidas nas campinas verdegantes e nas rugas flamejantes, eu não digo.

O telefone toca
e do outro lado
sempre a mesma história
eu te quero, eu te amo, eu te espero
me desespero em ver
que antes de ser amar
vão amando a esmo,
eu mesmo...

O ritmo frenético do cotidiano me tira o ânimo para outros tantos desenganos.
As frases poéticas de didáticas incertas tornam meu coração uma pedra de gelo.

O telefone inoportuno toca
sem hora, a qualquer hora em qualquer lugar,
não posso, não quero, não vejo, não me interesso
em saber qual o número da vez.

A aritmética quadrada de suas claves, somadas aos catetos de sua hipotenusa
recrudescem meus sentimentos, fazem do amor um ódio constante em meus olhos.

O telefone só toca frases,
o telefone não fala palavras
o telefone mostra o tempo se esvaindo
o telefone corrempe meu histórico de paciência.

Peco pelo incerto duvidoso dos meus meios temerários rumo ao destinatário incerto
Sofro com um gélido rosto principiante de desgosto no bojo do meu insucesso.

Que exagero, toca o telefone...
Outro sucesso, toca o interfone...
Eu e os meus processos, tele...
Eu e você, fomos um dia, uma ligação maldita...

Telefone
não me venha
com outros desenganados
com os seus malditos planos
com um amor interrompido...

andi valente.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

vovó!

Foi num 9 de novembro distinto
entre as ventanias de uma cidadela desaparecida
e as lembranças de um choro de menina
nascia Júlia, inesquecível.

Escorpiana especial, morena de traços normais
tinhosa a danada era complicada
não tinha meias palavras,
era tudo preto e azul.(na caneta)

Seu cabelo cajú, enrrolado e arrepiado
e uma face azeda de cereja em bolo velho
não contrastavam com a pureza dos eternos sentimentos sinceros.

Leiga, iletrada, sofrida e por muitos mal-amada
geniosa, tediosa, comigo sempre fora carinhosa
uma mulher poderosa, minha heroína, vó Júlia, inesquecível...

sabe...

Sabe quando o coração da gente sabe que tem algo diferente.
Sabe quando o céu fica carregado de estrelas e o mar louco pra te abraçar.

Sabe, aquele sorriso e aquele olhar já lhe eram familiar.
Sabe, conhecidos de algum lugar, de uma viagem ou de um sonho perdido
de um estranho que de tão conhecido acabou virando amigo
depois íntimo e no final um grande amor infinito.

Sabe essas coisas acontecem assim, sem ter hora nem lugar
sem saber, sem saber onde os sorrisos vão terminar.

Sabe que se soubesse onde isso ia terminar mudava o caminho
só pra durar mais um pouquinho e ver esse sorriso jamais findar,
ter tempo pra mostrar os meus mimos,
os olhares e as fases da lua,
pra poder ninar.

Sabe, bem...
se não sabes não importa,
eu sei bem quando se ama alguém,
só não tenho certeza se a resposta sempre é verdadeira.

andi valente.

Vi barrigas vazias!

Vi uma barriga vazia
entre a travessia das loucuras
fedidas
e das barbaries insandecidas.

Vi uma barriga vazia,
vivi de barriga vazia
nas noites vazias
nas ruas vazias.

Sentindo o sentido que a fome dá
no verbo comer
no verbo acabar
perdi o sentido quando não se dá vontade
de ter vontade de amar.

Vi tantas barrigas vazias
que perdi a fome de homem
perdi o desejo do prato cheio
perdi o anseio de tanto asseio
perdi
o jeito de insistir em pedir.

Há menos barrigas,
só são as gritas que espelham medo
e as cabeças
perdidas dos sujeitos satisfeitos
espalham espanto quando se comem tanto
e tantos passam fome por medo
por dinheiro
por desrespeito.

Vi barrigas vazias pelo medo
de parecer obeso,
pelo risco do absurdo medo
da chacota e do desespero.

andi valente.

suspiro!

O que me separa da felicidade é o mesmo suspiro
que me distancia da gana e do ódio
vivo na corda bamba entre ser o que sou
e representar o que gostaria que realmente fosse.

A tenacidade das escolhas que se sobrepõem a minha volta
contrastam com os conflitos internos que me matam grão em grão
recolhido nos aconchegos dos falsos elogios passageiros
ignorado pelos verdadeiros espelhos da minha alma.

O samba do final do nosso amor
desafina nas canções matutinas que ouço lá na esquina
anunciam a triste partida da bateria sem percursão.

Minhas mãos já não tem mais cor, meus olhos são fundos e opacos
O sol não aparece nas manhãs e muito menos encerram as tardes alegres
O duro é saber que o final do nosso amor se foi como um suspiro vazio.

andi valente.

Doentio...

Um ponto final antecedido de duas vírgulas
um travessão entalado na gargantilha de platina
algumas interrogações com respostas pendentes
e as reticências continuam a preencher nosso vazio.

As exclamações permeiam algumas indagações
sugestões que não tem sentido de ser
acontecimentos descritos em frases sem sujeito
substantivos substancialmente vazios pra nos preencher.

Os verbos envergonhados não se conjugam no tempo correto
as interjeições, preposições e artigos são meros erros de ortografia
e eu me pergunto o porque de tantas frases sem sentido.

Os advérbios fugiram da escola como fugitivos perdidos
os títulos de nossas histórias foram escritos à lápis e apagados à sangue
os adjetivos que permanecem, estão trancados nesse coração que adoece.

andi valente.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

sinceramente!

Tenho ouvido dizer o que dizem por ai,
fazer as coisas calmamente não dá... simplesmente não dá,
dei de ombros, encurtei os ouvidos,espichei os olhares
esqueci os amores, procurei novos ares.

Me enveredei pelo mar buscando respostas na ponta da praia
caminhei pelas trilhas das matas procurando caminhos divertidos
inventei codinomes para as ruas sem saída
visitei as colméias para descobrir o verdadeiro mel de sua saliva.

Fiz descobertas numéricas, relativamente quânticas
irrelevantes de sentimentos substancialmente importantes de significados
o meu coração apertado, agora se sente regozijado.

Amores ou novos odores sinceramente não vi nem senti,
clamores ou outros louvores sinceramete nao os ouvi,
descobri somente um coração que ama, bate sinceramente aqui dentro do meu peito.

andi valente.

aborto!

Fui abusada aos 5 anos pelo professor de línguas
molestada aos 9 pelo irmão da minha mãe
aos 11 anos estuprada com um cabo de enxada
pelo namorado da minha empregada.

Com 13 anos violentada pelo vizinho do meu primo
aos 14 fui mãe, filho do meu pai-avó
aos 16 engravidei de um gay, logo na primeira vez
era uma tentativa e logo se tornou outra ferida.

Aos 18 anos pensei que tivesse encontrado
o amor tão desejado, tudo errado
meus planos interrompidos pelo terceiro herdeiro indevido.

O que resta a essa mulher de quarenta?
Filhos crescidos e queridos, netos amados e bonitos
Mas nenhum aborto cometido, sou muito feliz por isso.

andi valente.

desenganado!

Fui batizado com algemas na adolescência
crismado bandido, jamais fui abatido de ressentimento,
fiz primeira conhunhão com as vestes de presidiário
comungando carreira de pó branco em comemoração.

Fui julgado e condenado sem a presença do juiz
abandonado e esquecido pelo destino
não tive direito a recurso nem defesa
não houve surpresa, sou um réu confesso de incertezas.

Fui cuspido e escarrado sem dono nem destinatário
feito sabe-se lá por qual sujeito, talvez de qualquer jeito mesmo
de uma trepada mal dada, de um amor imperfeito.

Fui amamentado pelos loucos do educandário
criado pelos diabos profanados pelas mãos de privações,
sou resto de placenta que veio ao mundo desenganado.

andi valente.

Lembranças!

As lamparinas incendeiam
as mentes dos violeiros alegres
ao redor da mesa farta
e de muita conversa fiada.

O dedilhar das cordas
fazem as prosas trazerem à tona
momentos que em nossa memória
foram condenados pelo tempo.

O riso que outrora se ouvia
nas audições do meio-dia
perdeu espaço para melodias sofridas.

O que era cantoria de alegria
tornou-se desabafo pra coração cansado
e lágrimas de saudades nos fins dos nossos dias.

andi valente

a embarcação!

Nesse flagelo de vida, ao qual somos passageiros de um barco à deriva
onde estão as setas que nos indiquem a saída para a derradeira partida!

O entusiasmo que nos cerca quando somos anunciados, onde está agora?
O ardor desse pouso rasante e do choro incessante que trouxemos quando aqui atracamos,
onde está agora?

Onde estão os homens e as mulheres que nos trouxeram pra essa viagem?
Se foram ou aguardam o prêmio de milhagem, cruzeiro marítimo com destino indefinido.

O lânguido tecido que nos cobre, não suporta o flagelo de qualquer porto incerto.
O âmago que nos reveste, a intuição que nos segue, foi perdendo o tônus, serenando o facho...

Onde estão as risadas, as mesas fartas, as farras talhadas no silêncio das madrugas?
Onde estão os artistas de ocasião, os donos da razão, os senhores da persuasão?

E o barco vai,
o rumo não necessariamente segue a correnteza,
o mar de espumas sujas cobra agora sua conta contra a natureza
onde estão agora os graduados e a realeza?
Num navio cinco estrelas, ou ancorados esperando o mesmo barco
que não diferencia pobres ou belezas, fartura ou destreza, onde estão?

Aqui não estão!

Para onde rumaram os rumores dos autores das calúnias, meus senhores?
Para onde rumaram os atores das mentiras e das traições, meus senhores?

Aqui não estão!

Se somos passageiros do mesmo destino, por quê separamos as classes, admitimos
as farsas, permitimos os crimes, incriminamos os humildes, discriminamos os semelhantes?
Ignorantes ignorados pelos arrepios e pelos enjoos da embarcação que
nos leva ao final e finalmente não vemos o fim...

Não há tripulação, salva-vidas ou guarda-costeira, não há cobertura contra incêndio
desabamentos, inundações ou soterramentos os seguros foram congelados e guardados
para gerações de refrigerações futuras, se ainda sobrar tempo!

Onde estão as setas?
As cartas corretas?
As indicações certas?
Quem tem o segredo da verdade?
Onde estão todos os barcos de papel?
Onde estão os pincéis pra colorir os meus sonhos de criança?
As minhas lembranças se foram...
Os meus anéis se perderam...
Os meus brinquedos esqueci de guardá-los...
O meu aniversário já não tem data nem horário nesse novo calendário...
Meu prontuário pronto,
minha viagem marcada,
aguardo sentado o passageiro
que vai comigo ao meu lado,
só espero que não seja implicante
pouco falante e nem ofegante,
pois a viagem, não tem local de partida,
não tem hospedagem, não comtempla meia pensão,
o destino é incerto e não se comenta o tempo certo...

Só acho engraçado que a passagem de volta não foi marcada
com antecedência!
Viagem longa...
Eu sinceramente não tenho medo, só um pouco de receio,
uns calafrios, mas se não tem remédio...

Vou aproveitar esse passatempo aqui o melhor que puder,
e se sobrar uns quindins vou lembrar de você, meu bebê...

Andi valente...

domingo, 17 de outubro de 2010

Foi embora de pressa!

Quero um marido
que me queira
de dia
de tarde
de noite
e a madruga inteira,
um dia
outra vez,
quem sabe
talvez,
desta vez,
de vez
pra sempre
se o pra sempre
durar eternamente
bem...
Se o pra sempre
for só
um intervalo
novamente,
que sejamos
felizes
o tempo
necessário
pra acalmar
os meus fantasmas
e dar um descanso
pro meu rosário...
Deitado na cama
sem pijama,
quando se acostuma
logo acaba,
é triste a
felicidade com
prazo de
validade,
pura realidade
de cidade grande
onde a troca é constante
mas a qualidade
essa,


foi embora de pressa...

andi valente.

Vamos!

A decadência
das folhas num outubro recente
me remete ao esfacelamento do outono
distante de ressentimentos.

Vamos, pode puxar a cadeira e aproveitar o mar de bolhas vermelhas das manhãs!

O declínio do solcistício e o aquecimento
do globo ocular,dos óculos de girassóis,
graus em efervescência  da temperatura
das linguagens de literatura,
incertos progressos
dos vinhos  tintos da geladeira.

Vamos, regados aos sons dos ventiladores de tetos em tons de pastéis!

A derrocada das meias luas
traduzem a falta de luz na minha imaginação
decaímento no fundo para não perder a graça
de tudo, e a distância é a vitória certeira 
das entranhas dos nossos vinhedos .

Vamos eternizar o presente com rimas indecentes nús e felizes no meio da rua!

O esfacelamento dos instrumentos da natural
natureza ancestral,
fizeram perecer meus sentimentos,
ocaso do descaso de um romance de relance
naufrágio de um anjo vinho, meio vermelho meio, adeus!

Vamos nunca, 
nunca,
vamos,
nunca!

Ou,
ousar
não faz parte
do seu destino
desafiar
desafina
o seu
intestino,
grosso
delgado
ou fino,

vamos cretino
vem matar sua
maluca
na loucura
...

andi valente

adoro;

pecado
adoro
pecar
amo
sexo
bem
feito
adoro
faço
e
pago
bem
pouco
adoro
gemidos
nos
ouvidos
adoro
gritos
de
vai
mete
mais
adoro
tudo
que
não
deve
adoro
o que
não
pode
adoro
quem
não
deve
adoro
coisas
proibidas
adoro
adorar
o fundo
da garrafa
vazia
consumida
adoro
meu
mundo
de
mentira
adoro
dorar
um
pintado
de água
doce
e
uma
saliva
doce
no céu
d'a boca
adoro
língua
atrevida
entre
os meus
lábios
metida
como
adoro
!?

andi valente


PORTUGAYS!

O primeiro foi Cabral,
cabra macho numa nal
velejano descobriu a índia
errada, viu um bando de gente pelada
e Caminha escreveu aos reis
esqueceno
que a terra prometia...
O Padre Anchieta falano, foi
catequizano os pobre do índios
trocano os deuses...
Ai foi um Deus nos acuda...
To andano
anda
to
cagano
caga,
to passano
passa,
to saino
sai,
to nadano
nada
to rino
ué ri
to sorrino
banguela desse jeito
se tá é assustano
só rezano
ou orano
e o pastor
falano
sem parar
curto cumprido de acaba,
eu pensano
que só os portugays
que faziam piada mais
é nós aqui,
é que somos
piada,
culta
pro curtos,
curta pros leigos,
é que só os poeteiros
da ladeira porto geral
sabem o quanto vale
os portugays pra atrair
tanto fregays,
tanta gente ouvino
e comprano
é nóis aqui só gozano
os patrícios e
depois falam que o
mundo num é gay
só nozes portugayses
pra saber quanto somos...

andi valente

sábado, 16 de outubro de 2010

mar gi nal!

A minha vanguarda
está na retaguarda,
o meu dourado
fumeiro louro carente de carinho
aguarda alforria,
liberdade que destrói.
Mar
gi
nal.
No fundo fumacento 
acordei com medo
pedante com as farras tatuadas
nas manjadas palavras.
Mar
gem
mal,
que influi nos abraços fortes
e nos cheiros de alguns
lírios do pólo sul.

Eu fantoche,
ordinário pesadelo,
marginal
que se desculpa pelo
choro do escuro
margem do mal,
fuleiro ladrão
do passado adormecido.
Mar
gi
nal
virgem e irraconal,
a minutos atrás
trago parcas lembranças
do instante em que
vendi meu coração.
Mar
gem
de
segurança,
por uns dinheiros
recheados
de poeira branca!

Condenado pelo absurdo
marginal a margem do mundo
vagabundo na minha fantasia,
disfarço a lágrima
final,
absorto em abolição
razão de estar sem ninguém
desprezo a benevolência,
mar
do mal,
um servo do desespero
raivoso pelos desencantos
eu
mal
maldito
sou nada
descrito,
sou lúcido
fudido
tudo se completa
na fumaça
da bagaça que vem
da praça
no mar de desgraça
que eu trago!

Meu
mar
sem sinal
vaginal,
margem
do mar
selvagem
mar
gi
nal!

andi valente!

a minha mão espanca!

A minha mão espanca
arranca a palavra da garganta
                                                                                                               SANGRA
minha mão me engana
em cima da cama
                                                                                        GERME
mão e minha mãe
cantam no banheiro                                              
                                                           SOLUÇOS
Mão
mãe
vermelho
a minha mão espanca
incêndio
fogo
a minha mão espanca
a única esperança
VERDADEIRA;
mão de criança
não se cansa
de pedir
brinquedo
MÃO
de adultério
se esconde
entre
as velas
e o
cemitério
A MINHA MÃO ESPANCA
AS PALAVRAS
                                                                esperança
                                                                              de
                                                                          mãos
                                                                             sangrando
pela dor de não ter mãos
e
mães
para chorar
na hora
da AVE-MARIA.
a
minha
mão
espanca!



andi valente

quarto andar!

Do quarto andar ouço,
mais do mesmo,
um casal exaltado,
brigas e o mesmo desfecho.

Do quarto andar vejo,
janelas entreabertas,
olhos e o mesmo desejo
de ouvir e ver o desespero alheio.

Do quarto andar mesmo
curioso, desço,
receoso, caminho vagaroso,
mas do que o silêncio não vejo
 motivo pra tanto medo.

Do térreo a gritaria continua suja,
 fagulhas do mesmo apartamento,
choro, lamento, arrependimento,
sai da minha vida nesse momento!

Um grito!
O tiro!
Sofrimento!
A curiosidade dos vizinhos,
pelos desdobramentos,
sacodem meus pensamentos...

E o amor que fora feito pelo beijo,
foi desfeito de qualquer jeito,
a sirene da ambulância invade
a madrugada,
polícia e perícia fazem revista,
colhem depoimentos,
fim de mais um casamento.

Do quarto andar olho,
entre as frestas o movimento,
e penso comigo:
"Tenho trabalho ao amanhecer".

Do quarto andar só olho os curiosos,
as falácias e o imbróglio,
e digo:
"Não sei pra que tanto lamento",
se não fossem as mortes como viveriam os coveiros!
Morreu, enterra,
eu olho e penso que o próximo pode ser um dos meus,
enquanto não,
 vivo,
e quem não vive morre!
Deito e durmo,
não foi comigo mesmo!

andi valente



Nada de nada!

Calar-me-ei!
Por que te assustas a esta hora tardia?
Quando me deitar afago os robalos do aquário,
todos os barcos se perderam,
eu prostrado já não pareço o mesmo.
Há tanto tempo que o não via!
Como se vinha trabalhando mal,
ia-me esquecendo dele,
outro qualquer teria se metido,
ele não,nunca falou-me nada!
Movamos as porcarias, não devamos
deixar um abraço para o amanhã,
sirvamos os coitados latidos,
durmamos amarrados aos ladrilhos liquídos.
Não!
Pior será que nos enxotem...
Não acredito que ele chore aqui,
ali estarei para dar esperança aos que a tivessem perdido...
Sobre o entardecer paramos à contemplar as vias e suas
enguias, ele relambrando o passado, eu planejando o futuro...
Ele não me agradece, nem eu quero compaixão do tempo,
a noite atravessa as horas, mas toda noite é hora.
Tanto tenho falado e não digo nada,
calado pelo calafrio dos pés descalsos em águas geladas...
Esperei mais algumas palavras.
espereis compartilhar mais alguns sonhos, e nada acontece.
Ele emudece,eu sofro do fruto do seu discurso vazio e frio.
O amor que nos une, nos afasta da veracidade do olhar alheio,
tinhas alma,
agora tens calma demais,
quero dor, tenho calor
quero amor, não tenho nada!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

traço!

Dei ,um atropelho no espelho do vestido alheio
sei que o andarilho, canta sobre os trilhos despido
medo do roxo na costela direita
dos pingos dos is que você disse querer acertar.

Traço traçados fora do compasso
andarilho, ri do brilho da luz no seu ouvido
roxo no clarão da imunda multidão
mutilado pelos exilados pensamentos deixados
nas sóbrias paixões esquecidas.

Dei, um sopro no divino firmamento
sei, o quanto custa o peso de um ressentimento
um grão de arrependimento aqui dentro,
um não sem explicação aparente.

Traço o fim do meu descompasso
nas encostas dos meus escombros
nas dobras dos meus pecados,
nas sobras do seu descaso.

ANDI VALENTE.

NINGUÉM?

Nos estacionamentos do mundo
fui criando vagas lembranças
sobre um tempo que outrora
era moda ser chamado de criança.

Nas calçadas da vida
passei a passos largos
pelos entulhos abandonados
da minha própria insegurança.

Nos entrocamentos rodoviários dos dias
fui parado nas barreiras cotidianas de pessoas levianas,
e nos acostamentos que por vezes serviam de caminhos
e que por vezes me deixavam sem destino.

Nas voltas que os ponteiros das horas nos dá,
cansei de sonhar com meio mundo
e não ter fundos para agradar todos os segundos,
cansei de sonhar com as revoltas vividas em outras vidas,
cansei de sonhar com dias inteiros
ou com meios ponteiros
bons dias ou madrugadas soltas
só por
alguns dias,
cansei de olhar o relógio e não ver as senhoras,
segundo em segundo partidas de pessoas desconhecidas,
cansei de ir solitário me trancar no armário
 e segundos depois
findo,
indo
ino
in
do
embora...
Horas...
quem me olha?
Alguém nessa hora ora por alguém...
Olha, quem?
Quem ora por agora se as velhas se foram,
e os puleiros estão sem os travesseiros?
Quem tem um minuto, que seja inteiramente meu
egoísta e só meu?
Quem de fato se importa
com o contar das horas
se o dinheiro é que faz o mundo girar,
a vida correr
o tempo parar e você pedir
quero descer, ainda tá em tempo...
Quem?
Eu quem?
Não ouço ninguém...
Ninguém?
Ninguém...
ANDI VALENTE

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Incompreendido sou!

O céu azul iluminou a estrada inteira,
os olhos negros, brilhavam na caminhada solitária
rumo ao nada,
solitário desviava das cores obtusas de um chão
esburacado,
a procura de algo perdido, talvez um ser incompreendido
meus restos de lucidez,
uma solidão que mata a dor do coração
teima em escurecer os sentimentos nos cruzamentos
das preposições com as locuções de tempo.
O céu azul iluminou a estrada inteira,
o vento que vem do sul, destruiu os sonhos de
uma vida, sozinho me encontro melhor,
ao meditar não me suporto,
paço dos passos nús,
nada tem a mesma cor, ninguém consegue
penetrar os meus pensamentos e nem descobrir
minhas mentiras, incompreendido sou.
Carregar minha cruz em meus sonhos não encontro
companhia,
mas para destruir minhas esperanças há várias mãos
que se deseperam em ver as tragédias da minha dor,
nada é da mesma cor,
só os meus olhos caminham procurando um destino
que teimo em não aceitar,
faço das pedras um obstáculo a pular,
e mesmo assim fico ao esmo.
Espero não esperar até o sol clarear para
ver minha vida mudar.
Minha vida inteira para encontrar
alguém que me queira,
sonho que não se realiza por inteiro
tem sempre algo que não se completa
tudo é incompleto, nada pode penetrar meus sonhos.
Para matar minha dor, tenho que aceitar
que nada é da mesma cor
o céu chorou cruel,
eu perdoei
mas jamais recuei foi então que compreendi
que incompreendido sou.

andi valente.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

MOderNIdade...

O cheiro do perfume da relva do orvalho amanhecido
constrastava com o combalear do bêbado equilibrista
escrevendo sua própria trajetória nas auroras do alvorecer
lúdico, perverso com as palavras mas de alma purificada
relatava os versos aos berros:

-Eu te quero, eu te amo, vivo por saber que vives dentro de mim.

Florisbela da rua da vila, casa amarela, era uma bela vela acesa
nos pensamentos de qualquer cidadão da pacata cidade do interior,
sincera, sua melhor descrição era uma recatada moça um tanto quanto
antíquada para as modernidades dessa nova mocidade, mas preservara
o essencial para sua juventude, a excelência da dignidade.

Morena, pequena, de ancas largas e passos rápidos, cheiro fácil e sorriso inigualável, moça prendada, prometera a cumplicidade ao rapaz que lhe trouxesse lágrimas de felicidade e um amor verdadeiro.

Pedro, o laterneiro, homem honesto, digno de respeito, trabalhava
o dia para se encontrar com sua amada no passeio em noites alvas.

O destino quiz que certa meretriz de passagem pela cidade, fosse se engraçar justo com o rapaz, apalavrado com a flor mais bela.

Não resistiu aos encantos de uma vadia que de outros cantos veio infernizar
o seu sossego e deixar em prantos os encantos de sua amada Florisbela.

O vendaval que assolou sua integridade, matou a maioridade da encantadora
dama, que ultrajada pelas falácias espalhadas, resolveu terminar com o seu
Romeu(Pedro Romeu) era o nome do plebeu, sem ao menos dar-lhe uma chance para que o romance fosse adiante.

Outrora trabalhador e interessado rapaz que por desgraça do pecado na praça,
foi condenado ao limbo e ao esquecimento da pequena morena, que por ora
pena, sofre e condena tudo que lhe fora afirmado pelas corujas matreiras, fofoqueiras da infelicidade alheia, e  negado pelo distinto rapaz, culpado e não perdoado.

Resta ao deseperado lanterneiro, chorar ás mágoas junto  ao colorido do arco-íris, desfolhar as petálas do roseiral defronte ao laranjal da sua casinha de cristal, que outrora fora sonho para um casamento eterno, e agora virou lembrança das andanças de um rumo sem prumo de andarilho errante, sem dor semelhante, mas culpado pelo pensamento amoado, instinto desavisado, que não teve perdão de sua eterna paixão.Pedro chora rios as margens do lago da cidade.

Bela,enfim se revela, tira a capa da linda donzela, o manto da imaculada santa e  prepara voos para outros pousos com um rapaz que conheceu por foto e depois via câmera numa dessas redes sociais,um tal de Wellington, procurador de moças virgens, que desviou o caminho da nossa heroina e transformou sua dor somente em lembrança na retina.
O casamento de juras de amor, sem toques nem recentimentos, foi marcado com data e horário para que o nobre vigário também estivesse conectado e as testemunhas uma de cada lado, presenciassem o fato e assinassem o termo pelo bate papo virtual.

Os filhos virão prontos da cidade grande com a face do pai e os cuidados da mãe, sem mesmo terem tido o primeiro beijo ou a primeira noite, tudo via net, o toque na tela da casa amarela, desvirginou a morena e trouxa a ela toda a "felicidade"  desses encontros virtuais.

Essas modernidades que pra minha idade...

Sinceramente, prefiro o repente do olhar e o estalar dos beijos, ao toque gélido de um artefato sem sentimento, ah! Meus bons e velhos tempos...

  andi valente

FRASES 2

A VERDADEIRA FOTO QUE VALE, É A QUE TÁ NO CORAÇÃO, ESSA NÃO SE IMPRIME


ESSA A GENTE SÓ VÊ COM OS OLHOS DA ALMA, POR ISSO QUE NEM SEMPRE SE CONSEGUE AMAR ALGUÉM, FALTA-LHE OLHOS N'ALMA. SÃO OS CEGOS DE ESPÍRITO.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

tchau!

Aqui, entres espasmos e assopros, amo
ali, entre um erro e outro, peco
lá, nos achados e perdidos é que me encontro
acolá, bem ali são outros quinhentos.

Fulano chega passa a mão aprecia o material
e tchau?
Ciclano fala manso mete o bedelho enfia o nariz
e tchau?
Beltrano disfarça  o olhar chama de canto, diz um encanto
e tchau?
Passo mal com tantos desencontros mas não desisto,
resisto e não digo tchau...

Entre o ocaso e a aurora luzes piscam
rosa, verde, rosa, verde, rosa...
Os acasos e os sopapos não indicam direção
direita, esquerda, direita, esquerda, direita...

Retomo o caminho do perigo,me arrisco
sou arisco, tenho receio do medo que vem com o vento...
Aqui, ali e acolá sou noite enluarada que brilha de madrugada
sou foice e espada que corta a roça sem piedade
sou coice, sou pasto, sou estrada, sou rio
que deságua,
sou bica que embica,
sou lago sem margem,
sou largo e com sorte,
sou fardo amarrado,
sou fraco, sou forte
mas aqui não digo tchau,
até logo ou até breve...
Tchau é forte o suficiente pra matar um coração
decente, que ama e sofre até a morte...
Tchau é sentença de morte dos inocentes...

andi valente.

domingo, 10 de outubro de 2010

Eis me aqui!

Eis me aqui, implorando as lágrimas paz
aplaca as dores do cerne agonizante e trás
alívio pros navios que atracam no meu cais
conforto e novos ancoradouros, coragem
sem os braços do meu amor, rogo, mas...

O regente decadente do meu âmago faz
meu ânimo um bilhete que se desfaz
atenua o pranto que molha as bordas, voraz
pelo sangue que jorra das cascatas que queimam
e dos sais, incensos defumando o resto das sobras
e nada demais...

Eis me aqui, presença constante nas suas ausências
princípio ausente na natureza do nosso presente,
essência do sentimento no temperamento inerte,
fraqueza que expõe suas facetas no piér, mastro
do navio que nos dá as notícias das doloridas partidas.

Inspiração trazida pela fé contida no espírito inquieto
expiração da aflição personificada pela solidão
de um porto de inseguranças, certezas serenas do mar.
Pensamentos tristes, eis me aqui, salva-me do afogamento,
do choro e do lamento, salva,  todos os outros,
Mas e eu?...

andi valente.

Negro!

Tanta vez,
negro
tanta vez que te vejo
negro,
me prende em tuas pernas,
negro 
pôr-do-sol,
poeta da língua afiada
da orelha molhada
do umbigo quente
do lábio ardente
negô!
Negro cantador do meu amor
tanta vez
que esqueci
a negritude das suas narinas
sem pensar em mudar o sonho que cresceu
tanta vez,
que só falta o mundo girar,
cor da primavera
nasci pra você.
Tanta vez
negro,
faço um verso sobre o nosso amor
e quem sabe
você me dê
o nego que falta na vida da gente.
Negro,
tanta vez
todo dia
toda hora,
nego bate sem contar o tempo passar
nego,
faz um negro amor dentro do meu
coração
nego, tanta vez
negro,
outra vez!

Andi valente.